terça-feira, 19 de julho de 2011

Penso que se continuar a fugir de mim por mais tempo, enlouqueço. Penso também que se continuar a me buscar assim, incessantemente, caio numa outra loucura. Como é possível a busca e a fuga ao mesmo tempo... Essa sou eu. Uma série de paradoxos, infindáveis, juntos. O que eu busco ainda não tem nome, já dizia Clarice, mas eu insisto em nomear todas as coisas. Até as que não existem. Cheguei à conclusão de que a minha perseguição não é por você. Não corro atrás de você nem nunca corri atrás de ninguém. Eu corro atrás e fujo de mim mesma, num eterno círculo maluco. Eu me busco, mergulho, me aprofundo nas minhas águas mais escuras... aí tenho medo e corro pra superfície novamente, sem ar, aflita. E respiro aliviada por um tempo. Tempo suficiente só para aquele sentimento de aventureira me tomar por inteira outra vez e voltar a mergulhar nas águas densas e negras. Como um cisne. Ao mesmo tempo que é capaz de mergulhar profundamente e por muito tempo, alça vôos longínquos e demorados. Cisne que ainda teima em se ver como patinho feio. Cisne que insiste em andar entre os patos para se sentir diferente, vítima, excluído. Cisne que não encontra seu lugar no mundo, mas não porque não haja lugar pra si, mas porque não quer encontrá-lo. Não sabe o caminho. Ou simplesmente não se conforma que o seu caminho talvez não seja um caminho, e sim o caminhar. Ou nadar, mergulhar e voar, simplesmente. Eu não sei. Insisto em procurar o que saiba, mas no fundo eu não sei. De nada. Sei apenas que pato eu não sou e que também não me vejo como cisne. Queria ser pato mas nunca vou ser. Acho lindos os cisnes, mas não creio de verdade que possa vir a ser um. Talvez ainda esteja na fase desengonçada, sem jeito, sem lugar. Adolescente ainda. Em algum lugar sei que ainda sou. Criança órfã que não sabe crescer. Nem cisne, nem pato. Ainda sem definição.

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