terça-feira, 22 de novembro de 2011

A vida é inteira uma hipocrisia estúpida. Pelo menos depois que você vira adulto, é um mar de porcaria inútil e sem sentido, mas que para os outros você tenta mostrar que tem sim sentido - e muito - e que é super bacana o que você chama de vida. A gente diz que aprende, que evolui, que muda, e sempre pra melhor. Mas no fundo é tudo uma merda única, pra todo mundo. Só que uns tem um poder maior de abstração e de auto-engano, outros tem um maior poder de convencimento e retórica. Ninguém na verdade sabe de porra nenhuma. Ninguém sabe o esforço que é para cada um levantar da cama. Os medos que têm de enfrentar, os problemas, a preguiça, a acomodação, a tristeza, a raiva, a mágoa... é um mundo de sentimentos escrotos e desconexos, os quais a gente tenta costurar com poucos bons e nobres sentimentos impostos pela religião, a moral e os bons costumes. A vida em sociedade exige isso. Você sempre tem que ser mais bom do que ruim. O seu lado ruim não pode se sobressair. Temos de deixar o lado bom fluir e dominar o ruim. Bullshit. Porra nenhuma. Eu tô farta. Farta de engolir tanto sapo do mundo e viver aqui morrendo de gastrite. Farta de viver vidas que não são minhas, de fingir que estou me esforçando quando, na verdade, a minha vontade é só continuar na cama, dormindo e comendo. Vez ou outra, bebendo, fumando, ouvindo música e fudendo. E só. Just it. Vontade mesmo eu só tenho dessas coisas. E de ser ouvida, de ser importante, de ser amada, de ser aceita... Mas como isso não acontece com a frequência que eu gostaria - pra ser sincera, quase não acontece - a minha vida vira um enorme conjunto de frustrações contínuas com as pessoas, com o mundo e, principalmente, comigo mesma. É uma pena porque o que pregam por aí é que não é nada disso. Que tudo depende da forma como você encara e enfrenta as coisas. Ora porra, como eu vou encarar as coisas de uma forma legal se eu tô sempre tomando no cú? E como enfrentar se eu sempre morro de medo de tudo e de todos? Ah, vá. O negócio é que eu não nasci com esse gene do otimismo. O meu veio com defeito. E eu tenho que fazer um esforço imenso pra fingir que ele tá aqui em perfeito estado de funcionamento, quando não está.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

São meia-noite e quarenta e alguém pulou na piscina. A minha cabeça dói. O roupão roça meu mamilo e me incomoda. A última coisa que eu queria sentir agora era tesão. Eu queria estar naquela piscina. Será? Tem um festival passando na televisão com uma banda péssima que toda gente gosta. Que saco... Acabei de ler um texto lindo e me deu vontade de vir aqui escrever. Ficção. Ou não. Sinto uma mistura de sensações que me povoam o cérebro. Só o cérebro. O corpo eu não quero. Não quero esse corpo. Não agora. Precisava estudar mas as sensações que me povoam me paralisam pra isso. Por que diabos a banda gringa está vestida toda de branco, parecendo que saíram de um terreiro, até patuás eles têm... Todos têm os seus patuás. Hoje, por coincidência, eu estou sem o meu. No fundo a chuva, a banda ruim, o barulho dos carros nas ruas molhadas... Molhada estou eu. Por dentro. Não quero estudar nem trepar... O que vou fazer? Essa luz fria da tela me ilumina tão fracamente que não consigo pensar. Só naquilo em que penso sempre que minha cabeça é povoada por sensações. E aí é que fico molhada. Como sempre ficava só de olhar pra ele naquela época. Deve ser por isso da vontade da piscina. Sempre tenho vontade da piscina. Até sonho. Sempre sonho com água e tenho uma sede eterna. É a secura provocada pelas sensações que me povoam quando estou assim.