quinta-feira, 20 de março de 2014

Sobre o verde, o podre, o maduro e os buracos

Tô amargando um bom pedaço. Um caminho sem atalhos, só que repleto de sinais verdes e ruas sem saída. Encurralada. É assim que a analista disse que eu estou. Não tenho pra onde ir a não ser pra frente. E andar pra frente é complicado... Principalmente quando você sabe que só cabe a você mesma sair dali e seguir adiante. Adiante. Essa palavra é estranha ao meu vocabulário. Sempre atrasada, sempre olhando pra trás, sempre arrastando o passado e nunca olhando adiante. São 31. Eu não tenho mais como voltar. É como se eu tivesse passado do verde ao podre, direto, sem passar pelo maduro. Verde por muito tempo; podre antes do tempo. Ou será isso o maduro, essa encruzilhada do cacete, essa sensação dos pés fincados na terra e cheios de raízes que não se sabe como foram ali parar, os frutos crescendo como cânceres, sem o menor controle, sem a minha autorização, estourando um a um e me proporcionando essa sensação de impotência que não para de me perturbar? "Preencha todos os meus buracos". Joe sendo eu através da ficção. A arte de uma vida inteira procurando preencher todos os meus buracos, que com as tentativas só erodiram ainda mais e me causaram um rombo imenso na alma. E um sentimento que me persegue e desassossega, gritando por entre as muitas mordaças que eu insisto em lhe colocar: VIVE... VIVE... corre... "Hurry up, we are dreaming"... QUE O SONHO UMA HORA ACABA.